ADLER, Guido
Nasceu em 1o de novembro de 1855 em Eibenschütz, e faleceu em Viena em 15 de fevereiro de 1941.
Musicólogo austríaco. Como professor da Universidade de Viena fundou um Instituto para História da Música, o qual dirigiu até a sua aposentadoria em 1927.
Esse Instituto possui uma biblioteca vastíssima e uma coleção completa de instrumentos, e devido ao seu alto nível tornou-se modelo para instituições semelhantes. Inúmeros alunos de Adler e dessa instituição distinguem-se tanto como compositores quanto musicólogos. Esta lista inclui Anton Webern, Nettl, Geiringer e outros. Na organização de seus trabalhos sempre se mostrou um vanguardista. Ao editar um concerto de Monn (1717 – 1750) para violoncelo, contratou Arnold Schoenberg – um músico moderno – para escrever a parte do contínuo e não um historiador ou musicólogo. Alguns de seus livros ocupam um espaço importante na literatura, assim como na pesquisa de história da música:
-Richard Wagner (1904)
-Josef Haydn (1909)
–Der Stil in der Musik (1912)
-Gustav Mahler (1916)
–Methode der Musik Wissenchaft (1919)
–Wollen und Wirken: aus dem Leben eines Musik – historikers (1935)
ADLER, Stella
Nasceu em Nova Iorque em 1901. Atriz, diretora e professora, fazia parte do Grupo de Teatro juntamente com Sylvia Sidney, Clifford Odets e Elia Kazan. Esta companhia de teatro experimental se inspirava nas idéias de Konstantin Stanislawski.
Em 1949 fundou a Escola de Teatro Stella Adler, espaço onde os jovens atores podiam trabalhar, estudar e representar.
BOULEZ, Pierre
Compositor e regente francês. Sua primeira obra reconhecida publicamente foi Le Marteau sans maître (1954, revisada em 1957); obras recentes incluem Répons (1981-86). Foi regente da New York Philarmonic Orchestra ( de 1971 a 1978). É responsável pelo IRCAM – Institut de recherche et cordination acoustique/musique – do Centro Georges Pompidou de Paris, França.
BUSONI, Ferruccio
Nasceu em 1866 e faleceu em 1924.
Pianista italiano, defensor da música moderna, apresentou inúmeras obras em primeira audição com a Orquestra Filarmônica de Berlim. Compositor de várias obras para piano, músicas de câmara e orquestra assim como várias óperas entre elas Die Brautwahl (1912), Arlecchino (1917) e Turandot (1917). Entretanto, considerava todas as suas últimas obras como estudos para sua ópera Doktor Faust, que deixou inacabada. Nos últimos quatro anos de sua vida lecionou composição na Akademie der Künste em Berlim. Entre seus inúmeros alunos pode-se citar Edward Steuermann, Kurt Weill, Vladimir Vogel, Edwin Fischer.
COWELL, Henry
Pianista e compositor americano, nasceu em 1897 e faleceu em 1965.
Incansável explorador e inventor musical, Cowell nasceu em Menlo Park, na Califórinia, onde cresceu rodeado por uma enorme variedade de tradições musicais orientais, pela tradição folclórica escocesa de seu pai e pelas melodias populares do meio oeste de sua mãe. Começou sua educação formal aos 16 anos com Charles Seeger na Universidade da Califórnia. Seus estudos se focalizaram nas culturas musicais mundiais. Seu uso de sons materiais variados, procedimentos experimentais e um rico leque de opções constituídos por influências folclóricas revolucionaram a música americana, e popularizaram acima de tudo o “cluster” como um elemento no desenho composicional. Lecionou na New School for Social Research e na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e no Peabody Conservatory em Baltimore, Maryland.
Foi professor de John Cage, Lou Harrison e George Gershwin.
CRAFT, Robert
Regente, ocupa atualmente um lugar importantíssimo no mundo musical. Em 1947, ainda estudante da Juilliard School, escreveu a Igor Stravinsky pedindo-lhe uma cópia de sua Sinfonia para Instrumentos de Sopro, a fim de apresentá-la ainda naquele ano num concerto no Town Hall. Stravinsky não só aceitou como se propôs a reger e dividir o programa com Craft. Este foi o início de uma colaboração que se estendeu durante muitos anos. Craft tem regido as maiores orquestras americanas, assim como as da Europa, Rússia, Austrália, Coréia, México e América do Sul. Ganhou duas vezes o Grand Prix du Disque e o Edison Prize por suas gravações de Varèse e Stravinsky. Gravou as obras completas de Webern e sete álbuns da música de Schoenberg. Suas gravações de música barroca, Monteverdi, Gesualdo, Schutz e Bach são consideradas de altíssimo nível.
DAHL, Ingolf
Nasceu em 1912 e faleceu em 1970.
Compositor e professor trouxe, assim como Ernst Krenek, a tradição do ensino de Arnold Schoenberg para as escolas de música e universidades americanas.
DESSAU, Paul
Nasceu em 1894 e faleceu em 1979.
Compositor, foi diretor teatral em Hamburgo, Colonia, Mainz e Berlim. Em 1933 imigrou para os Estados Unidos, retornando a Berlim apenas após o término da 2a Guerra Mundial em 1948.
Compositor e regente alemão, trabalhou como regente em Colonia de 1919 a 1923, tendo-se mudado para Berlim onde viveu de 1925 a 1933. Extremamente comprometido com o socialismo, imigrou para os Estados Unidos onde colaborou com Bertold Brecht em obras como “Mãe Coragem e Seus Filhos” (1941) e “As Mulheres de Setzuan” (1943), compondo a parte musical. Depois da 2a Guerra voltou para a Alemanha Oriental onde continuou sua colaboração com Brecht.
Em suas obras posteriores pode-se citar a ópera “Einstein”, de 1971.
DEUTSCH, Max
Nasceu em 1892 e faleceu em 1982.
Discípulo de Arnold Schoenberg, desenvolveu sua vida musical num século repleto de acontecimentos políticos: a Guerra de 14 a 18, a Revolução de Outubro, o fascismo, a Guerra Civil Espanhola, a 2a Guerra Mundial. Max Deutsch foi um dos últimos músicos a transmitir diretamente sua herança musical. Acompanhou Schoenberg de Viena a Amsterdã e a Berlim, e mais tarde, após a guerra, permaneceu em Paris trabalhando como pianista de um café – concerto. Desde essa época até o final de sua vida nunca parou de dar aulas, ensinando a jovens alunos que vinham do mundo inteiro. Seqüências musicais das quais algumas ainda não foram publicadas, filmes rodados em várias cidades em que viveu, acompanham a história deste homem cujos mestres foram Arnold Schoenberg e a 1a Guerra Mundial.
FREUNDLICH, Irwin
Pianista, aluno de Edward Steuermann, assim como sua esposa Lillian, foi coordenador do departamento de piano da Juilliard School na década de 70. Publicou o livro Music for the Piano com James Friskin.
FREUNDLICH, Lillian
Casada com Irwin Freundlich, pianista, nasceu em Cleveland, Ohio, estudou na Juilliard School Alexander Siloti, que havia sido aluno de Liszt. Posteriormente trabalhou com Josef e Rosina Lhevine e Edward Steuermann. Estreou em 1941 em Nova Iorque. Excursionou pelos Estados Unidos, tanto em recitais solo como em duo com seu marido Irwin Freundlich. Como professora, deu aulas em Oberlin e nos cursos de verão da Juilliard School e em North Carolina School of Arts, assim como particularmente em Nova Iorque.
Aposentou-se como professora do Peabody Piano Faculty. Lillian Freundlich faleceu em junho de 2001.
GIELEN, Michael
Regente, pianista e compositor nasceu em 1927 em Dresden, Alemanha e em 1940 imigrou para a Argentina com sua família. Seu pai foi diretor do Burgtheater de Viena e seu tio o pianista Edward Steuermann.
Gielen estudou em Buenos Aires (Teoria, Piano, Composição, Filosofia). Em 1949 fez a primeira audição da Obra para Piano de Arnold Schoenberg ainda em Buenos Aires. Em 1950 voltou para a Europa como regente da Ópera de Viena. A partir daí passou a reger as mais importantes orquestras européias. De 1987 a 1995 foi responsável pela classe de regência do Mozarteum em Salzburg. De 1986 a 1987 ocupou o posto de regente convidado das Orquestras Sinfônicas de Baden-Baden e de Freiburg. Tem participado como regente convidado dos Festivais de Salzburgo, do Festival Internacional de Edimburgo, do Festival de Outono de Paris, Festival de Berlim e outros. Desde 1999 é o regente convidado da Orquestra Sinfônica SWR de Baden-Baden e de Freiburg.
JAHODA, Fritz
Nasceu em 23 de maio de 1909.
Pianista e regente, foi aluno de Edward Steuermann. Foi regente da Ópera de Viena onde se aposentou. É sócio fundador da Bagaduce Music Lending Library, em 1983, juntamente com Marcia Chapman e Mary Cheyney Gould.
KAHN, Erich Itor
Nasceu em 23 de julho de 1905 em Essen, Alemanha e faleceu em 05 de março de 1956 em Nova Iorque, USA.
Pianista, compositor, foi aluno de Theodor Adorno e Arnold Schoenberg. Fundou o Albeneri Trio, em 1941, que se dedicou à execução e divulgação da produção musical contemporânea. O Trio teve os seguintes componentes a partir de 1941:
Piano: Violino: Violoncelo:
Erich Itor Kahn Alexander Schneider Bernar Heifetz
Erich Itor Kahn Giorgio Ciompi Bernar Heifetz
A partir de 1956:
W. Davenny Giorgio Ciompi Bernar Heifetz
Amigo pessoal de René Leibowitz, teve sua biografia e seu catálogo de obras organizados por ele.
KIM, Earl
Nasceu em Dinula, Califórnia, em 06 de janeiro de 1920 e faleceu em maio de 2000.
Filho de imigrantes coreanos, estudou no Los Angeles City College, na Universidade da Califórnia – Los Angeles e na Universidade de Harvard. Seus principais professores foram Arnold Schoenberg, Ernest Bloch e Roger Sessions.
Compositor, recebeu inúmeros prêmios incluindo o Prix de Paris, o National Institute of Arts and Letters Awards . Participou como convidado em cursos de Marlboro, Tanglewood, Aspen Music Festivals e outros. Pianista, preparador vocal e regente, foi o co-fundador e presidente da sociedade Musicians Against Nuclear Arms. Earl Kim se tornou bastante conhecido por seu trabalho em música para teatro, especificamente com textos de Samuel Beckett. No Samuel Beckett Festival em Haia, Earl Kim participou do painel Beckett Music.
KIRSCHNER, Leon
Nasceu em 1919.
Compositor, foi aluno de Schoenberg e mais tarde de Roger Sessions. Desde 1962 é professor de música em Harvard. Como compositor sua música é influenciada não só por seus dois professores, Sessions e Schoenberg, mas também mostra certa afinidade com a música de Bela Bartók e Alban Berg. Kirschner sucedeu Walter Piston como professor de composição em Harvard e durante muitos anos em Mills College, na Califórnia. Entre suas composições pode-se salientar um Concerto para Piano e Orquestra (1953), Duo para Violino e Piano (1947), Sonata para Piano (1948) e Quarteto de Cordas (1949).
KLEMPERER, Otto
Nasceu em 1885 e faleceu em 1973.
Regente alemão, dedicou-se à música sinfônica e também às óperas.
Em 1933 imigrou para os Estados Unidos e tornou-se diretor da Orquestra Filarmônica de Los Angeles. Atuou como regente convidado em inúmeras orquestras também nos Estados Unidos. Em 1954 retornou à Europa onde fez inúmeras gravações e dirigiu a Orquestra Sinfônica de Londres e a Royal Opera.
KOLISCH, Rudolf
Cunhado de Arnold Schoenberg, excepcional violinista, foi responsável por inúmeras primeiras audições de obras de compositores da música do Século XX, incluindo Bartók, Debussy, Alban Berg e do próprio Schoenberg, de quem foi aluno. Foi o grande amigo de Clara e Edward Steuermann, com quem se apresentou em diversos concertos como duo ou em grupos de câmara. Sua correspondência com Steuermann sempre terminava com lances de partidas de xadrez, que jogavam sistematicamente.
Rudolf Kolisch (Rudi) era casado com a violinista Lorna Kolisch e foi lider do Kolisch Quartet, inicialmente conhecido como Neues Wiener Streichquartett, e mais tarde como Pro Arte Quartet. Suas apresentações e gravações dos Quartetos de Schoenberg são exemplares, tendo executado o Terceiro e o Quarto em primeira audição.
Nasceu em 1896 e faleceu em 1978.
KRENEK, Ernst
Nasceu em 1900 e faleceu em 1991.
Em 1916 começou seus estudos com Franz Schreker, compositor e professor na Academia de Música de Viena. Suas primeiras composições, escritas entre 1916 e 1920, já demonstram estilo próprio diferenciando-se do estilo impressionista de seu professor. Em 1920 Schreker foi nomeado diretor da Academia de Música de Berlim e Krenek seguiu-o, continuando seus estudos na capital alemã. Foi nessa época que se tornou amigo de vários músicos e artistas proeminentes como Busoni, Hermann Scherchen, Artur Schnabel. Essa época representa o seu primeiro período atonal com as 3 Sinfonias e alguns ensaios operáticos. Krenek escreveu em diversos estilos e gêneros. Seu maior sucesso foi a ópera-jazz Jonny spielt auf! (1927). Seu livro “Estudos em Contraponto” (1940) é um manual da técnica dodecafônica para iniciantes, um conceito que Schoenberg não aprovou.
LEIBOWITZ, Mary Jo Van Ingen
Vive em Dilsberg, Alemanha. Casada com Leibowitz, tiveram uma filha, Cora Leibowitz, que também vive em Dilsberg.
LIST, Kurt
Editor da revista “Listen, the Guide to Good Music”.
MONOD, Jacques–Louis
Nasceu em 1927.
Compositor, regente, pianista e professor, estudou particularmente com Olivier Messiaen, René Leibowitz e Roger Desormières.
Formou-se no Conservatório de Paris e na Universidade de Columbia onde obteve seu diploma com distinção. Ensinou principalmente no Barnard College e na Columbia University, assim como em Harvard, Princeton, Brandeis Universities, na Sorbonne e na Juilliard School of Music.
Participou das primeiras gravações de obras de Schoenberg, Berg e Webern e atualmente está escrevendo dois volumes sobre Análise Composicional.
NEWLIN, Dika
Nascida em Portland, Oregon em 22 de novembro de 1923.
Pianista e compositora, admitida precocemente aos treze anos de idade no Curso de Composição ministrado por Arnold Schoenberg na Universidade da Califórnia. Foi a responsável pela tradução do livro “Schoenberg et son école” de René Leibowitz e de alguns artigos de Arnold Schoenberg. Estudou composição com Roger Sessions e Arthur Farwell. Foi o 1o PHD em Musicologia na Universidade de Columbia em 1945.
PARISE, Margherita
Compositora, aluna de René Leibowitz (Margaritta Parissa).
PISTON, Walter
Nasceu em 20 de janeiro de 1894 em Rockland, Maine. Faleceu em 12 de novembro de 1976 em Belmont – Massachussets.
Walter Piston graduou-se em Harvard em 1924 e a seguir estudou em Paris com Nadia Boulanger e Paul Dukas, onde se apaixonou pela música neoclássica francesa e pelas últimas obras de Fauré e Roussel.
O jazz, assim como a música de Bach, infiltraram-se em suas composições desenvolvendo um estilo composicional bastante sofisticado. Entre os vários prêmios que recebeu, salientam-se dois Pulitzers por suas Sinfonias no 3 e no 7, três prêmios da New York Music Critic’s Circle Awards por sua Sinfonia no 2, Concerto para Violão e Quarteto de Cordas no 5.
Piston ensinou em Harvard de 1926 a 1960 e escreveu três livros que são amplamente utilizados em conservatórios e escolas de música: Harmony (1941), Counterpoint (1947) e Orchestration (1955). Entre seus alunos podemos citar Elliot Carter, Leonard Bernstein, Harold Shapero, Arthur Berger.
RATZ, Erwin
Nasceu em 1896 e faleceu em 1973.
Musicólogo vienense, estudou com Guido Adler na Universidade de Musicologia de Viena de 1918 a 1922. Foi também aluno de Schoenberg de 1917 a 1920. Foi secretário da Sociedade Particular de Concertos e secretário de Walter Gropius na Bauhaus. Foi criador de uma morfologia musical e como professor de Academia Musical de Viena formou toda uma geração de músicos.
ROGNONI, Luigi
Diretor de cena de ópera, musicólogo, autor de diversos livros sobre música, inclusive vários sobre Rossini. Amigo particular de René Leibowitz.
SCHNABEL, Artur
Nasceu em 1882 e faleceu em 1951.
Pianista, professor, dedicou-se à execução e ao ensino da música de Beethoven, Schubert e Brahms. Compositor, nunca tocou sua música nem a de outro compositor contemporâneo em público. Conheceu Schoenberg em Berlim, em 1911, e sob sua influência negou as composições de sua juventude, mas em 1914 voltou a compor sistematicamente até sua morte. É considerado um dos maiores intérpretes de Beethoven. Foi o grande rival de E. Steuermann.
SCHÜLLER, Gunther Alexander
Compositor americano, nasceu em 1925. Começou seus estudos de música como trompista; regente, foi presidente da New England Conservatory de Boston de 1966 a 1977.
Muitas de suas obras utilizam-se do jazz, como por exemplo: Variants para quarteto de jazz e Conversations para quarteto de jazz e quarteto de cordas. Entre suas obras, inclui-se a ópera The Visitation, o Concerto Festivo para quinteto de metais e orquestra e Museum Piece, para instrumentos renascentistas e orquestra.
SESSIONS, Roger
Nasceu em 1896 e faleceu em 1985.
Compositor e professor americano, nasceu no Brooklyn, Nova Iorque. Foi aluno de Horatio Parker, que também foi professor de Charles Ives, e em Yale estudou com Ernest Bloch. Deu aulas de 1917 a 1921 no Smith College em North Hampton, Massachussets, de onde saiu para lecionar no Instituto de Música de Cleveland como assistente do próprio Bloch. Em 1928, juntamente com Aaron Copland, organizou os Concertos Copland – Sessions de Música Contemporânea. Falava fluentemente grego, latim, alemão, italiano e russo.
Em 1935, depois de passar alguns anos fora dos Estados Unidos, Sessions ingressou em Princeton. Foi professor de música na Universidade da Califórnia de 1944 a 1952, quando retornou a Princeton. Sua primeira grande obra foi a música incidental para Black Maskers de Leonid Andreyev. Outras obras importantes são: os Prelúdios Corais para Órgão, Oito Sinfonias, um Concerto para Violino, um Concerto para Piano e dois Quartetos de Cordas.
A música de Sessions, inicialmente romântica, tornou-se austera, complexa e extremamente pessoal. Escreveu duas óperas, um livro de harmonia e vários ensaios.
SHAPERO, Harold
Nasceu em 1920. Foi aluno de Walter Piston.
SHERMAN, Russell
Pianista, nasceu na cidade de Nova Iorque e estreou em 1945 no Town Hall. Aos 19 anos graduou-se pela Universidade de Columbia. Iniciou seus estudos de piano aos 11 anos com Edward Steuermann e a relação entre eles, quase de pai e filho, estendeu-se por mais de 15 anos. Em 1959 apresentou-se com a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque sob a direção de Leonard Bernstein. Desde então tem atuado com as mais importantes orquestras e gravado intensamente.
Seu projeto mais recente foi a gravação integral das Sonatas de Beethoven com a produção de Günter Schüller para GM Recordings.
Russell Sherman é professor no New England Conservatory e vive em Lexington, Massachussets.
STADLEN, Peter
Nasceu em 1910 e faleceu em 1996.
Pianista, responsável pela primeira audição em 1936 das Variações para Piano op. 27 de Anton Webern, com quem trabalhou e ensaiou essa peça. Em 1979 publicou um relato dessa experiência. A concepção de Stadlen é radicalmente diferente das interpretações derivadas de uma perspectiva serial, e provocou uma série de discussões e controvérsias em torno da interpretação correta da música de Webern.
STEIN, Erwin
Nasceu em 1885 e faleceu em 1958.
Regente, aluno de composição de Schoenberg. Foi colaborador de Schoenberg, arranjador e regente na Sociedade Particular de Concertos em Viena. Trabalhou na Editora Universal em Viena de 1924 a 1938 e na Boosey & Hawkes em Londres a partir de 1938. Sua obra “Novos Princípios Formais”, autorizada por Schoenberg, é a primeira descrição do dodecafonismo.
Foi o responsável, em 1958, pela publicação da correspondência de Schoenberg.
STEUERMANN, Margaret
Nasceu em 1925.
Filha do primeiro casamento de Edward Steuermann com uma de suas alunas, Hilda Merinski. Steuermann imigrou para os Estados Unidos com Margareth, que na época tinha 11 anos. A relação entre ambos sempre foi muito difícil. Vive atualmente em Nova Jersey (N.I.).
STOCKHAUSEN, Karlheinz
Compositor alemão, nasceu em 1928. Depois de estudar com Olivier Messiaen (1952), foi co-fundador do Novo Estúdio de Música Eletrônica da West Deutsche Rundfunk, onde criou obras como Gesang der Jünglinge (1956), no qual a voz humana é combinada com sons eletrônicos.
Criou, posteriormente, obras seriais influenciadas por Anton Werbern, tais como: Momente (1955-57), para três orquestras.
Com a obra Donnerstag (1980), Stockhausen deu início àquilo que denominou de “Ciclo de Luz de Músicas Cerimoniais”, criado para ser executado durante uma semana todas as noites. Três partes deste ciclo foram completadas em 1991.
VIERTEL, Berthold
Nasceu em 1885 e faleceu em 1955.
Poeta, diretor e ator de teatro nascido em Viena, mudou-se em 1927 para os Estados Unidos onde escreveu inúmeros roteiros para o cinema e teatro. Dirigiu em 1945 várias peças de Brecht em Nova Iorque. Retornou à Alemanha em 1949 onde foi diretor do Berlim Ensemble e do Vienna’s Burgtheater.
VIERTEL, Salka
Salka Steuermann, nasceu em 1889 e faleceu em 1978.
Nascida na Polônia, escritora, irmã de Edward Steuermann, casada com Berthold Viertel, poeta e diretor de teatro. Trabalhou muitos anos em Hollywood como roteirista para a indústria cinematogáfica, tendo sido responsável por vários filmes de Greta Garbo, incluindo Rainha Cristina (1933), Anna Karenina (1935) e Conquest (1935).
Ligada a vários diretores e produtores de Hollywood, Salka acolheu em sua casa um grande número de artistas e escritores exilados. Foi extraditada dos Estados Unidos pelo macarthismo, passando a viver em Klosters, na Suíça, onde faleceu.
WALTER, Bruno
Nasceu em 1876 e faleceu em 1962.
Regente alemão conhecido internacionalmente, nasceu em Berlim. Iniciou sua carreira na Ópera de Hamburgo trabalhando sob a orientação de Gustav Mahler. Foi diretor musical da Ópera de Munique até 1922 e mais tarde da Ópera de Berlim e da Ópera de Leipzig. Em 1939 estabeleceu-se nos Estados Unidos onde dirigiu, como regente convidado, as maiores orquestras sinfônicas americanas e a Metropolitan Ópera.
WEBER, Ben
Compositor americano, nasceu em 23 de julho de 1916 em St. Louis e faleceu em Nova Iorque em 1979. Abandonou os estudos de medicina para estudar música. Foi um dos primeiros compositores dodecafônicos americanos, apesar de geralmente ter fortes associações tonais. No início de sua carreira foi incentivado por Schoenberg, Stokowski, Bernstein e Elliot Carter. Seu catálogo de obras inclui uma ópera, música de câmara, inúmeras canções, um concerto para piano, um concerto para violino e outras obras. Suas memórias póstumas, “How I Took 63 Years to Commit Suicide” (“Como eu demorei 63 anos para me suicidar”), ao mesmo tempo filosófica e lasciva, extremamente humana e perversa, são a confissão sem paralelo de um artista que foi premiado com a Guggenheims to Fellow of the National Institute of Arts and Letters.
ZUKOFSKY, Paul
Violinista, nasceu em 1943 e estreou no Carnegie Hall (N.I.) em 1958. Um dos maiores expoentes da música contemporânea para violino, é o diretor do Center for Contemporary Performance Practice, assim como diretor da Colonial Symphony (Madison, N.I.) e coordenador das séries de concertos do Kennedy Center (Washington, D.C.).
Clara Silvers nasceu em Los Angeles, Califórnia, em 10 de fevereiro de 1922. Sua mãe, Sarah Silvers, cujo sobrenome de solteira era Nathanson, nasceu na Romênia. Seu pai, Samuel Silvers, nasceu na Polônia mas foi criado na Rússia. Durante os anos da Depressão trabalharam arduamente na drogaria que possuíam, para criar Clara, sua única filha. Apesar de ter passado grande parte de sua infância sozinha, parece que o fato de seu pai tocar violão despertou nela um interesse real pela música. Aos cinco anos iniciou seus estudos de piano com uma vizinha.
Seus estudos escolares foram realizados de maneira rápida e incomum, uma vez que era uma criança extremamente dotada e foi, por muitas vezes, colocada em classes adiantadas. Se isto foi bom para seu desenvolvimento intelectual, por outro lado dificultou totalmente seu relacionamento com seus colegas, que eram sempre invariavelmente mais velhos que ela. Pouco antes de terminar seus estudos primários de primeiro grau, Clara foi surpreendida pela morte prematura de seu pai.
Em 1934, aos doze anos de idade, iniciou seus estudos de segundo grau. Foi então que seus estudos musicais ganharam impulso. Além de organizar e acompanhar um coro, Clara começou a estudar música de câmara com uma professora muito especial, Ina Davis. Tornaram-se grandes amigas, tendo esta amizade se mantido até a morte de Clara.
Clara tinha apenas dezesseis anos quando terminou o colegial. Sendo considerada muito jovem para ingressar na universidade, matriculou-se num programa especial do Los Angeles City College, que tinha a duração de dois anos. Além de estudar piano e música de câmara, iniciou seus estudos de harmonia e contraponto. Conheceu, então, aqueles que viriam a se tornar os grande amigos de sua vida: Leon Kirchner e Earl Kim.
Ao completar dezoito anos, Clara pôde matricular-se na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), para estudar com Arnold Schoenberg. Sua opção era Teoria Musical, mas teve a oportunidade de estudar piano com Jacob Gimpel, o que foi determinante para sua formação. Ao mesmo tempo, complementava seu sustento trabalhando na Divisão de Música da Biblioteca Pública de Los Angeles. Em 1942 tornou-se uma das assistentes de Schoenberg , fato que permitiu que essa relação se tornasse menos distante e impessoal. Esses laços de amizade e confiança acompanharam-na por toda a vida. Schoenberg tinha uma característica mais formal, mas Clara sempre reconheceu sua maneira de manifestar um grande afeto por ela. Nessa época, dois colegas se tornaram figuras importantes na vida de Clara: Emil Danenberg e Erwin Stein. Em 1943 Clara e Stein apresentaram a primeira audição da versão de Schoenberg para dois pianos de sua Segunda Sinfonia de Câmara, na Universidade da
Califórnia.
Quando Clara obteve seu mestrado em 1944, Gimpel e Schoenberg sugeriram que fosse estudar piano em Nova Iorque com Edward Steuermann. Até então, Clara sempre havia morado na casa de seus pais, e a perspectiva de mudar-se sozinha parecia bastante tentadora. Tendo terminado seus estudos na UCLA, também já era tempo de tomar posse de seus conhecimentos e planejar as próximas etapas de sua vida profissional. Duas semanas antes de completar seu mestrado, escreveu para Steuermann apresentando-se e solicitando aulas. Esta carta continha também uma recomendação do próprio Schoenberg.
Clara chegou a Nova Iorque em março de 1944. Começou a trabalhar numa editora musical independente e também a ter aulas com Steuermann. Nesse verão Edward convidou-a a participar de um curso no Black Moutain College, perto de Ashville, Carolina do Norte, onde ele lecionava. Esta experiência foi inesquecível para ela, uma vez que lhe permitiu que conhecer e conviver com músicos como Rudolf Kolisch, Günther Schuller e Marcel Dick. Estes novos amigos não apenas abriram para Clara novas portas que a conduziram a uma nova dimensão musical, mas tornaram-se, a partir de então, uma espécie de ‘família’ que a acompanhou por toda a vida.
De volta a Nova Iorque, sua vida se resumiu à edição musical e às aulas com Steuermann. No decorrer dos próximos cinco anos, o Sr. Steuermann aos poucos foi-se tornando simplesmente Edward, e a relação aluna / professor se transformou num grande caso de amor. Casaram-se em 1949, totalmente contra a vontade de Sarah, mãe de Clara, devido à grande diferença de idade entre eles.
A partir de então, sua carreira foi colocada em segundo plano, uma vez que se dedicava quase que exclusivamente ao universo de Edward. Enquanto editora musical, Clara havia sido, durante anos, responsável pela edição de toda a obra literária de Schoenberg lançada nos Estados Unidos. Clara abandonou a publicação musical em 1951, ano da morte de Schoenberg, para se tornar assistente administrativa do Juilliard Opera Theater. Manteve este cargo até o nascimento de sua primeira filha, Rebecca, em 1956. Dois anos mais tarde nascia sua segunda filha, Rachel. A vida familiar adquiriu uma importância preponderante, os verões eram passados na Europa, aonde viviam as duas irmãs de Edward, Salka e Rosa, e aonde os compromissos de Edward com o ensino de piano podiam ser um pouco mais relaxados.
Em 1959, Edward começou a ter alguns problemas de saúde, e exames médicos constataram que tinha leucemia. Clara jamais revelou a verdade a Edward, mas viu-se, repentinamente, diante da possibilidade de ter de sustentar sozinha as duas filhas. Algum tempo antes tinha pensado em se tornar assistente de Edward, mas este foi absolutamente contra.
Clara então matriculou-se na Escola de Biblioteconomia Columbia em 1962 e completou seu mestrado em Ciências Bibliográficas em 1964. A morte de Edward, em novembro daquele mesmo ano, mudou drasticamente sua vida. Decidiu tornar-se bibliotecária a fim de assumir com mais segurança o sustento de sua família e, ao mesmo tempo, assegurar seu vínculo com o mundo musical.
No ano seguinte Clara foi assistente administrativa da Filarmônica de Nova Iorque. No verão de 1965 tornou-se bibliotecária assistente no Kingsburg Community College em Queens, Nova Iorque. Em setembro, foi nomeada para a Biblioteca da Juilliard School. Poucos meses depois, o diretor do Instituto de Música de Cleveland, Victor Babin, convenceu Clara a ir para lá e construir uma Biblioteca. Decidida a iniciar uma nova vida, ela aceitou.
Em agosto de 1966, Clara Steuermann mudou-se para Cleveland com suas filhas Rebecca e Rachel. Ao mesmo tempo que supervisionava as obras da nova biblioteca, começou a se envolver com a Associação de Bibliotecas de Música (MLA). Por um breve período, continuou a dar aulas de piano para alguns alunos de Edward. Estas eram suas principais atividades quando foi convidada a co-dirigir o Music Library Institute, Ken State University, nos verões de 1969 e 1970.
Sob a direção de Clara, a biblioteca do Instituto de Música de Cleveland tornou-se um acervo organizado e extremamente atualizado. Seu envolvimento com a Associação das Bibliotecas de Música cresceu igualmente. Foi eleita presidente da Associação em 1974. Neste mesmo ano seria comemorado o centenário de nascimento de Schoenberg. Os planos para a fundação do Instituto Arnold Schoenberg na South Califórnia University começavam a se delinear. Clara foi a primeira pessoa a ser cogitada para ocupar o cargo de arquivista, não apenas pela sua experiência enquanto bibliotecária de música, mas por sua grande proximidade com o conjunto da obra de Arnold Schoenberg. A oportunidade de organizar o arquivo de Schoenberg se apresentava ao mesmo tempo como um privilégio, um desafio e uma tarefa de enorme dificuldade para ela. Em agosto de 1975 ela retornou à Califórnia, empolgada com a possibilidade de concretizar o projeto de criar o Instituto Schoenberg.
O Instituto foi criado temporariamente na California State University em Los Angeles. Ao mesmo tempo, Clara lutava para que a Associação se tornasse uma entidade internacional.
Em 1977 o Instituto Schoenberg mudou-se definitivamente para a South California University, permitindo que Clara ali criasse um centro de pesquisas admirável. Organizou a coleção Schoenberg e orientou inúmeros estudantes em seus projetos de pesquisa. Através do Instituto, Clara pôde compartilhar aquilo que chamava de ‘tesouros do instituto’ com o público.
Em 1979, uma oportunidade para lecionar novamente se concretizou por meio de um convite do Clairmont College. Ali, ministrou um curso sobre Arnold Schoenberg, mas a vida continuava afastando-a de seu maior desejo: lecionar seu instrumento. Suas responsabilidades levavam-na a escrever cada vez mais, especificamente para o jornal da Associação das Bibliotecas de Música. Em outubro de 1980, depois de viajar por dois meses pela Europa, Clara passou trinta dias na Itália como professora visitante no Centro de Estudos de Bellagio, da Fundação Rockefeller.
O ano seguinte trouxe outra oportunidade para Clara: o cargo de consultora dos arquivos do Metropolitan Opera de Nova Iorque. Foi também o ano em que começou a sentir dores persistentes, diagnosticadas como dores ciáticas. No final de junho de 1981 foi convidada a trabalhar definitivamente no Metropolitan Opera, e a idéia de voltar a morar em Nova Iorque era muito tentadora.
Entretanto, sua dores pioraram e sua saúde se deteriorou, e um câncer pulmonar em estado avançado foi detectado. Em agosto, Rebecca e Rachel vieram juntar-se à mãe em Los Angeles, conscientes de que não lhe restava muito tempo de vida. Em novembro foi lançado um disco com composições de Edward Steuermann, organizado por ela, depois de incansáveis batalhas, juntamente com o violinista Paul Zukovsky.
Clara, depois de lutar contra sua doença, morreu no início de janeiro de 1982.
Clara Steuermann teve como projeto de vida, fazer com que a obra de seu marido, Edward Steuermann, enquanto pianista, compositor e professor, se tornasse conhecida. Não foi bem sucedida nesta missão pela incompreensão, rigidez e conservadorismo da cultura musical norte-americana. Mas a semente foi, de qualquer maneira, lançada e há de frutificar. Há pouco mais de um século atrás, outra Clara empreendeu luta semelhante e venceu. Caberá a outros continuar. E vencer.
Edward Steuermann nasceu em 18 de junho de 1892, em Sambor, na Galícia. Esta era a parte da Polônia que coube à Áustria, após a divisão de 1772 feita entre a Áustria, a Rússia e a Prússia. Situada nos montes Cárpatos, na Ucrânia, Sambor pertence atualmente à CEI (Comunidade dos Estados Independentes), depois da queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, em 1991. A cidade, na época do nascimento de Steuermann, tinha uma população de 25.000 habitantes, composta aproximadamente de 4.000 poloneses, 18.000 ucranianos e 3.000 judeus.
Seu pai, Josef Steuermann, era advogado e foi prefeito de Sambor durante dezoito anos, sendo respeitado pelo governo austríaco por sua habilidade política. Figura importante no desenvolvimento de sua cidade, não possuía identidade religiosa com a comunidade judaica, embora fosse judeu. Colocava-se, social e politicamente, como cidadão polonês. Augusta Amster, sua mãe, nasceu na Rússia de pais austro-germânicos. Falava fluentemente alemão e francês, além de ucraniano e russo. As ordens das autoridades russas, proibindo os cidadãos austríacos de exercerem qualquer tipo de atividade remunerada no país, obrigaram sua família a mudar-se para Czernowitz, na Áustria. Seu grande desejo era tornar-se cantora de ópera. Aos dezoito anos, com formação de pianista, mudou-se para Viena a fim de prosseguir seus estudos musicais. Dificuldades financeiras de seus pais obrigaram-na a desistir de seus sonhos e voltar a Czernowitz, onde conheceu Josef Steuermann. Casaram-se e mudaram para Sambor, na Galícia, que era então uma das maiores regiões do império austríaco. Sua formação como cantora iria definitivamente influenciar, profissionalmente, três de seus filhos: Salka, Rosa e Edward. Um quarto filho, Zygmunt, sete anos mais novo que Edward, foi o único a não exercer uma atividade artística.
Edward foi encaminhado para a música desde a infância, talvez como uma espécie de compensação de sua mãe, por ter abandonado a carreira. Ela mesma se incumbiu da educação musical de seu filho, ao mesmo tempo em que tutores se encarregavam de sua formação escolar em casa, como era costume da alta burguesia na época. Apenas os exames eram realizados no ginásio em Sambor, e incluíam latim, grego e alemão como disciplinas obrigatórias.
Steuermann começou a compor aos oito anos de idade, diretamente influenciado pelo gosto de sua mãe pelo lied. Como a prática musical era uma atividade normal na casa dos Steuermann, seu desenvolvimento foi bastante rápido. Uma grande predisposição para o piano, a possibilidade de contato com a produção musical para canto e as reuniões musicais que aconteciam em sua casa, só contribuíram para seu crescimento como pianista e músico. Sua primeira apresentação pública foi um concerto beneficente aos nove anos de idade, quando acompanhou sua mãe em vários lieder, além de tocar peças para piano. Seus pais eram assinantes de um clube musical, o que proporcionou a Steuermann a possibilidade de entrar em contato com a produção musical mais recente: Strauss, Mahler, Bruckner e Reger faziam parte de suas leituras cotidianas.
Consciente da necessidade que Edward tinha de intensificar seus estudos de piano, sua mãe encaminhou-o a Vilem Kurtz, pianista e professor tcheco que vivia em Lemberg, a capital da Galícia. Kurtz, que era conhecido e respeitado como músico, começou a dar aulas para Steuermann a partir de 1904 , então com doze anos. As idas regulares a Lemberg eram um grande acontecimento: o fascínio pela cidade grande, o contato com um excelente professor, eram o incentivo na medida exata de suas expectativas musicais. Entretanto, de acordo com o próprio Edward, o papel de Kurtz em seu desenvolvimento como compositor foi bem pequeno, pois apesar de reconhecer o talento de seu aluno como compositor, não se deu ao trabalho de incentivá-lo nesta direção. Por outro lado, o progresso de seus estudos de piano foi muito grande. Sua leitura à primeira vista desenvolveu-se extraordinariamente durante este período, como resultado da necessidade de conhecer e descobrir a produção musical da época. Em 1906 , portanto aos dezesseis anos, Steuermann chegou a incluir em um de seus recitais uma versão para piano de Also sprach Zaratustra, de Richard Strauss, para surpresa total daqueles que o assistiam.
Ao mesmo tempo em que a influência de Augusta Steuermann, com o seu desejo não realizado de tornar-se cantora lírica, conduziu Edward para a música, suas irmãs Rosa e Salka interessaram-se pelo teatro. Salka foi a primeira a ir para Viena na tentativa de seguir uma carreira profissional, no que foi seguida por Rosa, pouco tempo depois.
Ao completar dezoito anos e tendo terminado seus estudos no ginásio em Sambor, Steuermann foi aconselhado por Kurtz a procurar outro professor, pois achava que já havia feito tudo o que podia pela educação musical de seu aluno. Recomendou insistentemente que procurasse Ferruccio Busoni, (carta) por quem tinha extrema admiração e respeito. Era 1910 e Busoni deveria dar um curso de interpretação em Basiléia. Steuermann, aceitando os conselhos de Kurtz, viajou para lá e tocou várias vezes para Busoni. As aulas de Busoni eram magistrais e agradáveis. Segundo depoimentos do próprio Steuermann, ao tocar a Sonata em si menor de Liszt para Busoni, este, depois dos costumeiros aplausos e do infalível beijo em sua testa, disse: ‘eu vou tocar esta Sonata num concerto daqui a duas semanas. Você vai ver o que eu toco diferente’. Assim Busoni conduzia suas aulas com Steuermann. Os conselhos técnicos eram ocasionais, pois achava inútil discutir técnica pianística com pessoas musicalmente dotadas, por achar que mais cedo ou mais tarde elas deveriam encontrar suas próprias soluções. Futuramente Steuermann comentaria a contradição de Busoni, ao saber que este havia escrito vários volumes de exercícios técnicos extremamente engenhosos. Steuermann foi convencido por Busoni a mudar-se para Berlim, pois achava não haver lugar mais apropriado do que aquele para jovens de talento. Na verdade, Busoni não via mais necessidade de dar aulas de piano a Steuermann, por achar que este já era um pianista formado e maduro. Além do mais, estava por demais ocupado com seus concertos e com suas composições. Busoni era extremamente requisitado como pianista, mas teria preferido tocar menos e dedicar-se mais à composição. Ele sempre teve grande respeito e afeição por Steuermann: dedicou-lhe o arranjo do Andantino do Concerto em mi bemol K 271, de Mozart, feito em 1914. Steuermann sempre se referiu a isso com grande orgulho.
Como compositor, Steuermann não teve muitas oportunidades de mostrar suas obras para Busoni. Entretanto, num dos domingos nos quais Busoni costumava receber pessoas em sua casa para fazer música, resolveu mostrar-lhe uma Sonata para Piano que havia escrito. Busoni examinou-a cuidadosamente, gostou especialmente do estilo pianístico e encorajou-o a prosseguir compondo. Mas, quando Steuermann lhe perguntou se deveria estudar composição, e com quem, Busoni respondeu: ‘talvez seja melhor não ter um professor de maneira alguma; uma vez que o preconceito não existe, pode-se ter uma visão mais livre’.
A insistência de Steuermann em continuar questionando Busoni não conduziu a nenhuma resolução para seu problema. Decidiu então procurar Engelbert Humperdinck, compositor que lecionava na Academia de Berlim. Steuermann gostaria de aprender contraponto, fato que parecia não agradar nada a Humperdinck. Além do mais, seus colegas de classe gostavam de perguntar a ele: ‘você é a favor de quem? Brahms, Strauss ou Reger? de música bonita ou de música feia? em que estilo você compõe: como Brahms?’. Edward aborreceu-se demasiadamente com tudo isso. Humperdinck não corrigia os seus exercícios de contraponto que eram, na verdade, harmonizações. Estas sim ele corrigia, e se surpreendia ao ver, segundo sua opinião, seu aluno piorar em vez de melhorar. Humperdinck estava muito velho, sem disposição, tanto que desistiu de lecionar na Academia. Mas, antes mesmo disso acontecer, Steuermann havia chegado ao seu limite e desistiu de freqüentar as aulas.
Entendeu, então, porque Busoni havia tentado preveni-lo de estudar na Academia. Sua música era moderna demais e diferente demais. Já nessa época, Steuermann estava abandonando a tonalidade em suas composições e sua estética musical conduzia-o à atonalidade e à dissonância. Busoni sugeriu então – também sem grande entusiasmo – que talvez Arnold Schoenberg pudesse ser o professor adequado. Certa noite, ao se reunirem em um restaurante após um concerto de Busoni, este pegou Edward pelo braço e levou-o a uma mesa onde estava sentado o Sr. Hertzka, diretor da Editora Universal, acompanhado por um homem quase calvo e sua mulher, e disse: ‘deixe-me apresentar-lhe o Sr. Steuermann, um aluno extremamente dotado, e que gostaria de estudar com você.’ Schoenberg imediatamente tirou sua agenda do bolso e disse: ‘Então, quando você gostaria de começar?’ Pego de surpresa, Steuermann apenas conseguiu gaguejar: ‘Na semana que vem’. Este foi o início da relação entre Steuermann e Schoenberg em 1912.
Edward Steuermann tinha aulas com Schoenberg três vezes por semana. Este fazia questão de estar sempre perto de seus alunos, e não media esforços para isso. Suas aulas privilegiavam um contato pessoal, mais do que propriamente questões técnico-musicais. Falava exaustivamente a respeito de suas próprias composições e corrigia as de seus alunos muito pouco; ensinava de uma maneira puramente estética e artística. Certa vez, ao saber que Steuermann pretendia mostrar-lhe um quarteto de cordas que havia composto, Schoenberg lhe disse: ‘Não se esqueça que um quarteto de cordas é uma composição a duas ou três vozes para quatro instrumentos’. Então sorriu: ‘Isto é apenas uma piada!’. Muitos anos mais tarde, Steuermann diria que já naquela época pensava que não era mais possível se escrever indefinidamente a Fuga do Quarteto em do# menor de Beethoven, como forma de se aprender a escrever um quarteto de cordas; e que ainda hoje os compositores fazem isso, esquecendo que para se poder variar a escrita para quarteto de cordas deve-se realmente pensar da maneira mencionada por Schoenberg. Por essa razão Steuermann considerava a observação de Schoenberg absolutamente genial.
Entretanto, o interesse de Schoenberg estava mais voltado para as habilidades de Steuermann como pianista do que como compositor. O gosto e o entusiasmo de Steuermann em relação à música contemporânea, o entendimento da nova linguagem musical propiciado por sua própria atividade como compositor, a sua incrível facilidade em relação ao piano e, porque não dizer também, seu encantamento em relação à figura de Schoenberg, faziam dele o intérprete ideal da música de seu mestre. Além do mais, Schoenberg precisava urgentemente de alguém que solucionasse o problema o qual então parecia ser o mais importante: como resolver, técnica e musicalmente, a interpretação de sua obra para piano. Um estudo pianístico especializado, minucioso e aprofundado se fazia necessário: as melodias caracterizavam-se por grandes intervalos e por uma aparente descontinuidade; o ritmo era intrincado, pelo uso de uma variedade enorme de sutilezas de acentuação que mascaravam os tempos fortes. Havia o problema da sonoridade, que além de pedir um equilíbrio perfeito, exigia um estudo altamente especializado e acurado de pedalização. As indicações de Schoenberg na partitura eram tão numerosas que beiravam o exagero. E Steuermann se apresentava como a figura ideal não somente para desvendá-las, como também para divulgá-las. Esta foi uma tarefa à qual se empenhou, desde então, até o final de sua vida. Infelizmente, não pode ver o resultado deste seu empenho: a edição de sua revisão da obra integral de Schoenberg para piano seria publicada quatro anos após sua morte.
Steuermann começou imediatamente a apresentar as obras de Schoenberg em público: as Peças para Piano op. 11, as Pequenas Peças op. 19; acompanhou ao piano as George-Lieder op. 15 e fez a redução para piano do Erwartung. Talvez o maior desafio vencido por ele, na época, tenha sido o de ensinar a Albertine Zehme a parte do Sprechgesang do Pierrot Lunaire op. 21. Steuermann tocou a parte do piano no conjunto instrumental que o acompanhou pela primeira vez na estréia da peça, que causou um tremendo impacto e grande escândalo.
Em 1912, em Berlim, Steuermann encontrou Webern e Berg pela primeira vez. Webern estava morando em Zehlendorf , perto de Schoenberg. E Berg vinha regularmente visitar Schoenberg com Helène, sua mulher. Estabeleceu-se entre eles uma relação extremamente forte, que tinha como centro a figura carismática de Schoenberg. Da mesma maneira que Schoenberg, Webern e Berg ficaram impressionados com a habilidade de Steuermann ao piano. A partir de então, pode-se dizer que Steuermann passou a ser o ‘pianista oficial’ da Segunda Escola de Viena. Webern era também um ótimo pianista e havia feito juntamente com Schoenberg um arranjo de suas Cinco Peças para Orquestra, para dois pianos a oito mãos. Steuermann tocava em um dos pianos com Louis Closon, um aluno de Busoni; e Webern no outro, com Louis Gruenberg. As apresentações desse tipo de música eram consideradas uma heresia, e encontraram sempre uma grande oposição por parte do público.
As atividades musicais de Steuermann foram bruscamente interrompidas pela Primeira Guerra Mundial. Seu desejo de se alistar no exército austríaco, apesar da oposição de sua família, foi bastante forte. Mas uma pequena deficiência visual impediu-o de realizar esse desejo. Ao ser rejeitado pelo exército, apresentou-se na legião polonesa e foi designado para servir no escritório do oficial de saúde em Przemysl, uma cidade austríaca no sudeste da Polônia, nos Montes Cárpatos. Seu superior sentiu-se extremamente envaidecido por ter entre seus subordinados um grande pianista e, como era um músico amador, providenciou um piano para que Steuermann pudesse manter suas atividades musicais. Nesse período Edward trabalhou a redução para dois pianos da ópera Die glückliche Hand, e da Sinfonia de Câmara no 1 op. 9, de Schoenberg.
As folgas do exército eram passadas na casa da família, Wychyliwka, que tinha sido em parte requisitada pelo exército e transformada em quartel general. Rosa e Salka, suas irmãs, haviam se tornado enfermeiras da Cruz Vermelha. Mas logo toda a família foi obrigada a se refugiar em Viena, pois o exército russo havia tomado a Galícia. Edward fez concertos para a Cruz Vermelha, Rosa foi para Hamburgo para continuar seus estudos de teatro, e Salka permaneceu em Viena. Na primavera de 1915 as forças germânicas expulsaram os russos da Galícia, e os Steuermann puderam voltar para sua casa a qual, conforme diria Salka mais tarde em suas memórias havia sido menos poupada pelos ratos do que pelos bombardeios dos exércitos.
Ao se desligar do exército, com o fim da guerra, Edward Steuermann fixou-se em Viena, onde deveria permanecer até 1936. Os anos de guerra haviam aproximado Edward de várias pessoas: Webern, Alexander von Zemlinsky – cunhado de Schoenberg – , Rainer Maria von Rilke, Franz Kafka e Karl Kraus. Schoenberg estava morando em Mödling, perto de Viena, Berg também mudara-se para Viena e Webern estava sempre perto de Schoenberg. Rudolf Kolisch, violinista que se tornaria o grande amigo de Steuermann, iniciava também seus estudos com Schoenberg. Definia-se, então, claramente, a Segunda Escola de Viena.
O confronto com a realidade no final da guerra, em 1918, não foi fácil. A situação era desastrosa, a inflação conduziu todos a um estado de miséria. Schoenberg, que segundo Steuermann era ‘sempre cheio de idéias’, idealizou então a ‘Sociedade de Concertos Particulares’. A Sociedade foi a primeira a se dedicar à música do Século XX, e sua proposta era clara: os concertos eram dedicados às pessoas que se filiavam a ela, sem necessidade de um pagamento; deveriam ir às apresentações, cujo programa só era dado a conhecer na hora. Não era permitido aplaudir nem fazer qualquer espécie de comentário a respeito das obras apresentadas, a fim de não permitir que qualquer pressão por parte da platéia viesse a influir no desenvolvimento musical ou propiciar qualquer espécie de julgamento. O primeiro concerto foi um evento histórico: Steuermann tocou a Primeira e a Quarta Sonatas de Scrianbin e um arranjo da Sétima Sinfonia de Mahler para piano a quatro mãos com Bachrich, sob regência de Schoenberg.
Havia uma hierarquia para supervisionar as apresentações da Sociedade: Berg, Webern e Steuermann, e posteriormente Erwin Stein, davam suporte às apresentações, mas a autoridade principal era Schoenberg.
Nos concertos da Sociedade, Steuermann tocou as Elegias e as Sonatinas de Busoni; Gaspard de la Nuit, de Ravel; a Sonata, de Berg; a Piano Rag Music e as Easy Pieces (para piano a quatro mãos) de Stravinsky. Com Rudolph Serkin, tocou também num arranjo de Petroushka, para piano a quatro mãos. Foi o primeiro a tocar, na Sociedade e posteriormente em turnês, o primeiro Caderno dos Estudos de Debussy. Havia também concertos da Sociedade realizados especialmente para editoras de música, com leituras de partituras de inúmeros compositores. Steuermann tocou a Sonata de Ludwig Zenk, aluno de Webern, para a Editora Universal, que a publicou. Arrependeu-se amargamente, anos depois, ao descobrir que Zenk era um nazista convicto.
Steuermann, quando necessário, fazia reduções de partes instrumentais e tocava-as num grande harmônio que foi comprado para suprir a falta de músicos.
Na década de 20, Steuermann encontrou vários compositores importantes da época: Milhaud, Hindemith, Poulenc, Ravel. Poulenc, que havia regido uma apresentação do Pierrot em Paris, foi a Viena e Alma Mahler ofereceu uma recepção para ele e Poulenc. Nesta ocasião, Steuermann tocou seu arranjo da Sinfonia de Câmara no 1 op.9 de Schoenberg e este regeu uma apresentação do Pierrot. Milhaud respondeu regendo ele mesmo partes daquela obra para mostrar a Schoenberg sua própria versão. Para Steuermann, o fato mais marcante deste encontro foi, entretanto, o convite feito por Poulenc e Milhaud para que jantassem juntos no Hotel Bristol. Era 1920 e quase não havia comida em Viena, por causa da inflação. Steuermann comentaria, anos mais tarde, que esta havia sido sua primeira refeição decente daqueles últimos anos. Um encontro com Ravel aconteceu mais ou menos na mesma época. Os dois tocaram, também na casa de Alma Mahler, a versão para piano a quatro mãos de Ma Mère L’Oye e da Rhapsodie Espagnole para o regente Oskar Frief, que pretendia fazer um concerto com as obras de Ravel e sempre gostava de ouvir antes as obras executadas ao piano. Ravel impressionava muito os compositores da escola de Viena, especialmente Webern, que adorava as Canções Mallarmé, por achar que eram extremamente próximas às idéias de Schoenberg.
Mas, também em 1920, Schoenberg partiu para a Holanda e a Sociedade, sem seu idealizador, perdeu a força e não conseguiu manter sua programação com o mesmo nível de assiduidade e de freqüência. Pouco a pouco foi se extinguindo, até parar por completo suas atividades. De qualquer maneira havia cumprido sua finalidade inicial: divulgar a produção musical contemporânea. Steuermann continuou, juntamente com Rudolf Kolisch, a se apresentar em concertos que privilegiavam a música contemporânea. Mas mesmo assim, suas carreiras começaram a seguir caminhos diferentes. Steuermann dedicou-se, com grande empenho, a construir sua carreira como pianista e também como professor. Os laços de amizade que o ligavam a Kolisch permaneceram inalterados, embora ambos se mantivessem afastados por muito tempo e viessem somente a se reencontrar anos mais tarde, nos Estados Unidos. Durante anos se corresponderam através de cartões postais, que continham no final lances de xadrez, outra paixão que os unia.
Os verões continuaram a reunir a família em Sambor, ou nas Montanhas Tatra, nos Alpes Austríacos. Salka havia se casado com Berthold Viertel, escritor, poeta, e dramaturgo. Rosa também havia se casado com um diretor de teatro, Josef Gielen, pessoa de grande projeção nos meios intelectuais europeus. Em 1922, Edward Steuermann casou-se com uma de suas alunas, a pianista Hilda Merinsky. Essa união naufragou logo depois em meio a uma série de acontecimentos infelizes, mas Edward e Hilda tiveram uma filha, Margaret, que depois da separação ficou sob a guarda de seu pai. Margaret também demonstrou uma grande facilidade para o piano. Ela vive atualmente em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Durante os anos de 1920 a 1936, Steuermann empenhou-se ao máximo em se projetar como pianista. Os programas de concertos, críticas, e sua correspondência, são prova de seus esforços nesse sentido. Apesar de nunca ter tido um empresário, suas apresentações eram cada vez mais numerosas e suas viagens pela Europa se tornaram muito freqüentes.
Mesmo tendo seu nome associado aos músicos da Segunda Escola de Viena, de se dedicar à divulgação da música de seu tempo, o repertório de Steuermann era muito extenso e incluía a música do passado com a mesma intensidade que dedicava à música contemporânea.
Uma grande amizade por Edward Clark, um ex-aluno de Schoenberg que após a guerra foi contratado pela BBC de Londres, permitiu que Steuermann viajasse inúmeras vezes à Inglaterra para gravar apresentações para o Terceiro Programa da BBC, dedicado à música erudita e transmitido para toda a Europa com grande sucesso.
Steuermann, durante os anos 20, também viajava regularmente a Praga para dar aulas de piano, mas desistiu pouco depois, requisitado pelos compromissos cada vez mais numerosos de sua carreira como pianista.
O início de sua carreira como professor foi em 1932, quando começou a lecionar em duas escolas de música na Polônia. Viajava duas vezes por mês para lecionar. Além disso, começou também a lecionar em Viena. Estas eram suas principais atividades como professor, até 1936. Sua irmã Salka já havia emigrado para os Estados Unidos há alguns anos e insistia muito para que ele também fosse para lá. A decisão era extremamente difícil: se por um lado sua carreira como músico já estava bastante solidificada na Europa, por outro havia a ameaça crescente do nazismo. Embora não gostasse de confessar, este foi o fator decisivo que pesou em sua decisão de abandonar a Europa. Mas havia outras possibilidades: o conservatório de Kiev havia feito um convite para que fosse lecionar lá, e a oferta era tentadora. Seu colega Heinrich Neuhaus, grande amigo dos tempos de Berlim, havia ido para a Rússia e estava-se tornando muito conhecido – ele era o professor de Gilels e Richter – e insistia muito para que Steuermann também fosse para lá. A escolha de Steuermann em emigrar para os Estados Unidos parece meio inacreditável: o pedido de visto para os Estados Unidos chegou primeiro que o pedido de visto para a Rússia. Edward partiu para Nova Iorque sem levar em conta um último convite para que fosse lecionar na academia de Viena. Deixou Viena em 1936, passando por Londres para gravar ainda um programa para a BBC. Chegou aos Estados Unidos, mais precisamente em Nova Iorque, com Margaret, em maio de 1936. Após passar alguns dias na casa de amigos, foi de trem para Los Angeles onde, após muitos anos, reencontrou sua irmã Salka. Ela havia se estabelecido em Santa Monica, onde costumava receber europeus que emigravam para os Estados Unidos. Passando de atriz a roteirista em Hollywood, havia alcançado o reconhecimento por ter escrito os roteiros de vários filmes de Greta Garbo (foto 1, foto 2), de quem era amiga íntima: Ana Karenina e Rainha Cristina estavam entre eles.
Salka fazia de sua casa em Mabery Road o verdadeiro centro de recepção às pessoas que chegavam à América. Artistas e intelectuais que começaram, como Edward, a emigrar para os Estados Unidos fugidos principalmente do nazismo, sempre encontraram em Salka o apoio, a amizade e o carinho para começarem uma nova vida. Grande parte dos imigrantes era convidada por universidades, e como o Departamento de Imigração tinha como única exigência para conceder o visto de permanência no país que dominassem o idioma inglês, muitas vezes esta exigência era burlada pela influência de inúmeras universidades americanas. Mas, quando isso não acontecia, havia a necessidade de se aprender a língua, e era necessário se submeter a um exame. Salka conhecia a grande maioria das pessoas que trabalhavam na indústria cinematográfica: atores, produtores, diretores, roteiristas. Colocava então seus protegidos nas casas dessas pessoas para trabalharem como motoristas, governantes, secretários. Era uma maneira eficiente de proverem seu sustento e aprenderem rapidamente o idioma, a fim de obter o visto de permanência.
Os meses que Steuermann passou em Los Angeles foram marcados por uma grande inatividade musical. Apesar de Schoenberg estar morando também na Califórnia, não pôde ou não quis fazer muito por seu ex-aluno. Outros amigos, como Rudolf Serkin , também não foram de grande ajuda. Poucos recitais foram marcados em São Francisco e Los Angeles. O único concerto importante foi uma apresentação com orquestra sob a regência de Otto Klemperer, no Hollywood Bowl, que obteve enorme sucesso. Era urgente a necessidade de sair em busca de novas oportunidades. Por mais que sua irmã insistisse para que ficasse na Califórnia, Steuermann decidiu mudar-se para Nova Iorque. Aí moravam velhos amigos: Mark Brunswick e Roger Sessions. Antigos alunos, europeus que haviam emigrado antes dele, como Fritz Jahoda e Irving Wassermann, e até mesmo americanos que haviam estudado com ele na Europa moravam em Nova Iorque e provavelmente poderiam indicar-lhe novos alunos. Mas a incerteza era muito grande.
Steuermann fez sua estréia como pianista em Nova Iorque em 1937, no Town Hall. Foi o início de uma atividade que, infelizmente, não teve a intensidade que ele gostaria. As cartas escritas para seus familiares e amigos comprovam quão duros foram seus primeiros anos naquela cidade. Sua irmã Rosa havia se mudado para Buenos Aires com seu marido, Josef Gielen, e seus dois filhos, Michael e Bibi. Michael Gielen, atualmente um músico e regente de reconhecimento internacional era, como dizia Edward, o único membro de sua família que se interessava por música na época e a correspondência entre eles era intensa. O interesse e o gosto de Michael pela música contemporânea foram grandemente incentivados por seu tio. Michael Gielen dedica especial atenção em divulgar a produção musical do Século XX.
Durante anos, Steuermann não teve sequer um lugar seu para morar. Costumava alugar parte de apartamentos de pessoas amigas e não tinha nenhuma espécie de mobília. Apenas um piano, nem sempre de cauda, também alugado. Um convite para dar uma série de palestras e conferências na New School em 1944, deveria ter aberto muitas portas para ele, mas a desorganização da divulgação fez com que ninguém se inscrevesse, e o evento foi cancelado. Por outro lado, músicos que havia conhecido na Europa. como Arrau, Steinberg, e Kindler, sempre lhe enviavam alunos e sua reputação como professor foi se firmando cada vez mais.
Em fevereiro de 1944 estreou, com um grande sucesso, o Concerto para Piano e Orquestra de Schoenberg, sob a regência de Leopold Stokowski. A apresentação foi transmitida através do rádio para todo o país e também para o exterior. Neste mesmo mês, Steuermann recebeu uma carta de uma aluna de Schoenberg (pag 1, pag 2), que morava na Califórnia, e que continha uma recomendação do próprio Schoenberg, pedindo aulas de piano:
Caro Sr. Steuermann:
Durante os últimos três anos eu tive o privilégio de estudar com seu colega e amigo Arnold Schoenberg, na Universidade da Califórnia em Los Angeles, e tenho inclusive sido sua assistente. Em menos de duas semanas pretendo completar os créditos para completar o título de Mestre de Artes em Música. Eu já estudei piano, mas à medida que as aulas com o Sr. Schoenberg foram ficando mais adiantadas, eu achei que não era mais possível continuar estudando seriamente piano e ao mesmo tempo os problemas teóricos da música; deveria tomar uma decisão, então achei que o trabalho com o Sr. Schoenberg era precioso e necessário demais para ser levado superficialmente.
Entretanto, meu propósito agora é voltar ao piano e dedicar meu tempo recuperando a familiaridade com o teclado mas, ainda mais, tornar-me uma pianista ‘musicista’.
O Sr. Schoenberg, ao conversarmos sobre os planos para meus estudos futuros, recomendou-me o Sr. como sendo a única pessoa com quem poderia alcançar meus objetivos. Isto me agradou bastante porque eu já queria há muito tempo estudar com o Sr. – o que até agora não foi possível por causa de meu trabalho na universidade.
Pretendo chegar em Nova Iorque em março. Se o senhor não estiver muito ocupado, gostaria muito de encontrá-lo e conversar com o Sr., esperando que possa aceitar-me como sua aluna.
Segue junto com esta carta um bilhete do senhor Schoenberg, que poderá lhe dar uma idéia de minha formação. Em Nova Iorque mora também uma amiga minha e ex-colega de faculdade, Anni Bergmann, que poderá lhe dar informações a meu respeito. Ela trabalhou um pouco com sua mulher, assim como Ada Kopetez, que creio estar estudando atualmente com o Sr.
É difícil expressar em uma carta o que significa para mim trabalhar com um grande músico como o Sr. Ficaria grata se me respondesse se é possível, quando poderia encontrá-lo depois que chegar a Nova Iorque.
Atenciosamente,
Clara Silvers
Querido Steuermann:
Eu já lhe falei a respeito da senhorita Silvers. Ela tocou muito bem a minha Sinfonia de Câmara número 2 para dois pianos com o Sr Stein. Ela é muito musical e estudou bastante contraponto e composição. Foi também minha assistente em aulas e se saiu muito bem. Acho que você gostará muito de conhecê-la.
Um abraço,
Arnold Schoenberg
Clara Silvers chegou em Nova Iorque na primavera de 1944, e imediatamente começou a estudar piano com Edward Steuermann. Encontrou-o, como fazia desde que chegara da Europa, morando como inquilino da atriz Elissa Landi, apenas com seu piano. Clara era uma mulher extremamente ativa e dinâmica e logo começou a se preocupar com Edward, a cuidar de sua vida e de sua carreira. Ela conseguiu convencê-lo a alugar um pequeno apartamento, na West 73rd Street, no outono do ano seguinte. Era sua primeira casa desde que saíra da Europa há nove anos.
No mesmo ano em que Clara chegou a Nova Iorque, Steuermann convidou-a a fazer o curso de verão no Black Mountain College, perto de Asheville, na Carolina do Norte, onde ele havia sido convidado a lecionar. Foi uma experiência que nunca mais saiu de sua memória, pois jamais conhecera em sua vida um músico com tanta sensibilidade, tanto talento e tanto conhecimento. Além disso, em Black Mountain, ela pode encontrar e conhecer outros músicos como Rudolf Kolisch, e Günther Schuller que para ela eram, juntamente com Steuermann, ‘músicos que abriam as portas’, o que em seu entender significava pessoas de visão ampla e libertas de preconceitos. Estas eram as pessoas que para Edward e Clara se tornaram uma espécie de família, e que assim permaneceram por toda a vida.
O ano seguinte também possibilitou a Steuermann uma experiência didática inédita: participar do curso de verão realizado no Instituto de Música do Kennyon College de Gambier, Ohio. Era uma proposta inédita de realizar um curso cujo principal objetivo era substituir qualquer rigidez curricular por cursos livres, audições públicas e master-classes, onde qualquer pessoa poderia participar, conviver com os músicos e discutir em grupos as questões que fossem levantadas. Através desse curso Steuermann começou a ter seu nome reconhecido como o grande professor de piano que foi.
Ao mesmo tempo em que estudava com Steuermann, Clara trabalhava como editora musical, e era o principal contato entre Schoenberg e seus editores.
Apesar de sua dedicação total à composição, que era para ele a atividade mais importante de sua vida, Steuermann dedicava-se cada vez mais à atividade pedagógica, pela necessidade de prover seu sustento e o de sua filha Margaret, que exigia cada vez mais cuidados específicos. A partir de 1948, Steuermann passou a dar aulas na Juilliard School de Nova Iorque, nos cursos de verão.
Em 1948, foi convidado a lecionar no Conservatório de Música de Filadélfia, o mais antigo dos Estados Unidos. Olga Samaroff, a grande pianista que lecionara naquela instituição por tantos anos, havia morrido. Seu lugar estava vago e era necessário que alguém a substituísse. Um ex-aluno de Olga Samaraoff, que também estudou com Steuermann, apresentou-o a Maria Ezerman Drake, diretora do conservatório, e a partir de então até 1964, Steuermann viajou regularmente à Filadélfia para lecionar.
O relacionamento entre Edward Steuermann e Clara Silvers foi se tornando cada vez mais intenso e eles se casaram em 1949, depois de um caso amoroso bastante tumultuado. A mãe de Clara, Sarah Silvers, era totalmente contra, por achar absurda a diferença de idade entre eles: Steuermann era trinta anos mais velho do que Clara. Sarah foi, durante anos, a causa de grandes dissabores para sua filha e seu genro. Ela e Edward mal se falavam, e ela maltratou sua filha o quanto pôde por esta não ter seguido seus conselhos para que não se casasse com Edward. Sarah Silvers faleceu com mais de cem anos na década de 90.
O casamento fez com que Clara mergulhasse completamente no mundo de Steuermann. De repente ela se viu no meio de personalidades extraordinárias que a fascinavam: Ernst Krenek, Bertold Brecht, Gerhard e Hanns Eilser, Thomas e Heinrich Mann, Martha Graham, sem mencionar os amigos de Salka Viertel, que encontravam quando podiam passar as férias de verão em Santa Monica: Greta Garbo, Ernst Lubitsch, Fred Zinneman e tantos outros. Além do mais, o filho mais velho de Salka, Peter Viertel, era casado com a atriz Deborah Kerr. Em 1951, ano da morte de Schoenberg, Clara deixou o lugar onde trabalhava e se tornou assistente de administração do Juilliard Opera Theater. Permaneceu nesse cargo até 1956, quando nasceu sua primeira filha, Rebecca. Seus estudos de piano já haviam sido colocados em segundo plano desde o início de seu casamento, pois suas energias estavam totalmente voltadas para a vida e a carreira de Edward.
Todo esse período havia sido bastante fértil para Steuermann, em relação às suas composições: a Suíte para Piano; a 7 Valsas para Quarteto de Cordas; a Improvisação e Allegro para violino; o Trio para Violino, Violoncelo e Piano; as Canções Brecht, foram todas escritas nesses anos. Além disso, em 1952, Steuermann havia recebido a medalha Schoenberg, a maior honraria concedida pela Sociedade Internacional de Música Contemporânea, em Salzburgo, por suas atividades em promover e aprofundar a compreensão das obras musicais contemporâneos. Além disso, dois anos antes havia gravado para a CBS um LP contendo a Obra para Piano de Arnold Schoenberg.
A partir de 1951, Steuermann foi contratado para dar aulas mais regularmente na Juilliard School fato que, apesar de reafirmar e aumentar sua respeitabilidade como professor, significava uma carga extra de trabalho. A oportunidade de voltar à Europa para participar de cursos de verão em Darmstadt, Salzburgo e outras cidades permitiu que revisse suas irmãs Rosa e Salka, seus cunhados, sobrinhos e amigos. Salka, a exemplo de tantos outros europeus que haviam emigrado para os EUA, foi obrigada a retornar à Europa, depois de ter sua vida investigada pelo FBI ao ser denunciada como subversiva, na época do macarthismo. Steuermann relutou muito em aceitar os convites, pois via com extrema cautela a situação da Europa no pós-guerra. Lecionou também por várias vezes em Israel.
Edward Steuermann foi um grande mestre da didática pianística. Foram seus alunos inúmeros intérpretes que se encontram entre os grandes músicos e pianistas do Século XX e de nossos dias: Lili Krauss, Moura Limpany, Alfred Brendel, Augustin Anievas, Theodor Adorno, Joan Rowland, Jacob Maxin, Michael Gielen, Russell Sherman, Günther Schuller, David Porter, entre outros.
Rachel, segunda filha de Edward e Clara, nasceu em 1958, o que aumentou a preocupação de Steuermann em relação a seus problemas financeiros. Empenhou-se cada vez mais em receber alunos, pois os convites para apresentações como pianista estavam ficando cada vez menos numerosos. Mesmo assim, são considerados memoráveis, por aqueles que tiveram o privilégio de estar presentes, os concertos que deu na Juilliard School (temporada 1962-1963: capa, pag 1, pag 2; recital 1962) em Nova Iorque.
Em 1959 sua saúde começou a ficar debilitada, e após consultar vários especialistas foi diagnosticado que Steuermann estava com leucemia. Ele nunca soube da gravidade de seu estado de saúde, uma vez que Clara escondeu dele a verdade até o final. Devia observar uma dieta rigorosíssima, e era obrigado a tomar leite regularmente. Uma vez em que tocou o Concerto para Piano de Schoenberg com Scherchen, passou muito mal durante os ensaios, e pensava que o seu mal-estar era o resultado de sua pouca simpatia por este regente, devido a seu passado nazista. Mas tudo isso já era conseqüência de sua doença. Steuermann sempre se empenhou de corpo e alma na luta contra o nazismo. Grande parte de sua família e amigos foram mortos nos campos de extermínio de Hitler. Seu irmão Dusko, que havia se tornado um grande jogador de futebol, foi morto quando tentava escapar de um trem que o conduzia a um campo de concentração, após ter sido preso pelos nazistas. Steuermann havia rompido totalmente com Webern ao saber de sua simpatia pelo regime nazista. Webern havia dedicado a ele suas Variações para Piano. Steuermann nunca tocou tal peça nem mesmo ensinou a nenhum de seus alunos. Em 1964 Hans Moldenhauer, que estava organizado a biografia de Webern, escreveu a Steuermann pedindo informações e documentos a respeito da ‘Sociedade de Concertos Particulares’. A resposta foi dura:
Caro Sr. Moldenhauer:
Obrigado por sua carta e pelo livro da Insel; tenho certeza que deve ser muito interessante.Sinto muito, mas a resposta às suas perguntas deve ser negativa. Em primeiro lugar, não vamos à Europa este verão. Estivemos algumas vezes lá nestes últimos anos. Mas recentemente fiquei doente lá e achamos que seria bom ficar em casa e descansar aqui nos Estados Unidos. O Sr. deveria saber que escrever alguma coisa que realmente valesse a pena sobre minha atuação na ‘Sociedade’ a respeito de minhas relações com Webern, seria uma tarefa bem difícil. Seria como escrever memórias, o que por sinal é exatamente aquilo que várias pessoas vêm me pressionando a fazer – amigos, colegas, até pessoas que eu mal conheço. Minhas relações com Webern infelizmente são um ponto extremamente delicado, justamente por causa de nossa amizade. Infelizmente aqueles laços de amizade ficaram abalados desde que Hitler invadiu a Áustria, na medida em que Webern não reagiu da maneira que eu tinha o direito de esperar. Talvez fosse inevitável, sabendo que vários membros de sua família eram nazistas (uns mais, outros menos), mas foi impossível não mudar meu modo de pensar, numa época em que tantos amigos, alunos, e pessoas de minha família foram assassinados…
Ainda no ano de 1962 , Steuermann havia recebido na Academia Musical de Filadélfia, o título de Doutor Honoris Causa em Música, como reconhecimento por seu trabalho como músico e como pedagogo. Ela achava que o caminho para o avanço e desenvolvimento da ‘música moderna’, como se referia à produção musical contemporânea, era com certeza a utilização da técnica dodecafônica. Entretanto, via o malabarismo oferecido pela técnica dos doze sons como um perigo que poderia vir a comprometer a pontuação e a sintaxe musical. Costumava fazer uma comparação com a música do passado, ao dizer que esta não precisava se preocupar com a lógica da sintaxe (tensão e relaxamento), porque já estava contida na própria linguagem musical tonal. O objetivo da composição moderna deveria ser exatamente o mesmo, ou seja, a busca da lógica e da continuidade do discurso musical.
A obra de Edward Steuermann é bastante extensa e, de acordo com suas próprias palavras, compor não era para ele um hobby, mas sim o lado mais importante de sua personalidade artística.
Em 1964, com a saúde bastante debilitada. Steuermann foi convidado a realizar o discurso de abertura do ano letivo da Juilliard School, onde lecionava regularmente desde 1951.
Edward Steuermann faleceu em Nova Iorque no dia 11 de novembro de 1964, sem o reconhecimento do mundo musical americano.
Exatamente um ano após sua morte, organizado pela Sociedade Memorial Edward Steuermann e liderado por Clara, sua mulher, foi realizado um concerto (temporada 1965-1966: capa, pag 1, pag 2) com algumas de suas mais importantes composições:Três Coros para Vozes Mistas e Instrumentos, a Suite para Piano, o arranjo de Wohin de Schubert para Três Pianos, a Suite para Orquestra de Câmara e a Cantata Auf der Galerie.
CATÁLOGO DE OBRAS
PARA PIANO
Sonata (1925-26, revisada em 1954)
Four Pieces (1934, revisada em 1958)
Preludium, Fantasie, Tema com variazioni, Reigen
Piano Piece (1938)
Abendlied (1938)
Frühlingslied (1930)
Suite (1952)
Prelude, Melody, Misterioso, Chorale , March
MÚSICA DE CÂMARA
Seven Waltzes, para Quarteto de Cordas (1946)
Trio para Piano, Violino e Violoncelo (1954)
Improvisation and Allegro, para Violino e Piano (1955)
String Quartet no 2 ‘Diary’ (1960-61)
Dialogues, para Violino Solo (1963)
MÚSICA ORQUESTRAL
Variations for Orchestra (1958)
Music for Instruments (1959-60)
Suite for Chamber Orchestra (1964)
MÚSICA VOCAL
Three Choirs – para coro misto com acompanhamento de instrumentos (1956)
Die Nacht (Michelangelo – Nelson)
Das Lied (Berthold Viertel)
Der Gott der Juden (Berthold Viertel)
Cantata (Franz Kafka) ‘Auf Die Galerie’ para coro misto (canto e narração) e orquestra (1964)
Drei Lieder Für Eine Tiefe Männerstimme (1931)
Der Mensch (Claudius)
Wanderer Nachtlied (Goethe)
Gesang Des Geister Über Den Wassern (Goethe)
Vier Lieder Für Eine Frauenstimme (1934)
Im Frühling (Trakel)
Hörst du denn nicht (Hoffmannstahl)
Die Liebste sprach (Hoffmannstahl)
Trabe, kleines Pferdchen (Kafka)
Brecht-Lieder para Soprano (1945)
Die Rückkeher
Der Totenvogel
Gedanken über die Dauer des Exils
Early Songs (1907-18)
Zigeuerlied (B. v. Münchausen)
Milosci skrsydlata (Winged Love) (L. Staff)
Powiew w sadzie (Breeze in the Orchard) (L. Staff)
Prosba o skzrydlata (Prayer for the Wings) (L. Staff)
Lied des Gefangenen (Heine)
Wenn die zwei Schwestern (Tagore)
Tag für Tag (Tagore)
Soldatenlied (Mörike)
O lass uns noch…(?)
ARRANJOS E TRANSCRIÇÕES
ARNOLD SCHOENBERG:
Erwartung – redução para piano
Die glückliche Hand – redução para dois pianos
Sinfonia de Câmara no 1 op. 9 – transcrição para piano
Ode a Napoleão – transcrição para voz e piano
Concerto para Piano – redução para piano da parte orquestral
Verklärte Nacht – transcrição para piano, violino e violoncelo
POULENC:
Toccata – arranjo para três pianos
SCHUBERT:
Wohin – arranjo para três pianos
J. STRAUSS:
Trechos de Fledermaus – arranjo para dois pianos
EDIÇÕES
BRAHMS – Edição da obra completa para piano (Edição Universal, 1927) Op. 1, 2, 4, 5, 10, 24, 76, 79, 116, 117, 118 e 119; Gavotte de Glück, Walzer op. 39.
CADÊNCIAS
MOZART – Concerto para Piano em Si b Maior, K. 595
HAYDN – Concerto para Piano em Re Maior Hob. Xviii, II
GRAVAÇÕES
SCHOENBERG:
Pierrot Lunaire (Columbia)
Obra Completa para Piano (Columbia)
Peças op. 11 e op. 23 para piano (Dial)
Fantasia para Violino e Piano (Dial)
BUSONI:
Toccata, Sonatinas nos 1 e 6, Seis Elegias (Contemporary Records)